quarta-feira, 23 de março de 2011

"Geração à Rasca"

No último Sábado 300 mil pessoas nas ruas de todo o país.
Em primeiro lugar, tentei perceber onde nasceu esta geração denominada “geração à Rasca” e quais são os seus responsáveis. Julgo que existem três responsáveis, os próprios jovens, os empresários portugueses e o Dr. Mariano Gago. Começando pelo Exmo. Sr. Dr. Mariano Gago que exerce a função de Ministro da Ciência e Técnologia e Ensino Superior desde 2005 é o principal responsável por várias alterações no Ensino Superior, como: as prescrições, o Regime Júridico para as Instituições de Ensino Superior e a implementação do processo de Bolonha no Ensino Superior. Estas alterações fizeram com que desde 2007 existisse um “boom” de jovens Licenciados no Mercado de Trabalho. Com o aumento quase exponencial de jovens Licenciados em Portugal, conjugada com a clara falta de visão, qualificação e resistência à mudança de vários empresários, leva a que estes queiram contratar a geração mais qualificada de sempre e pagar pouco pelo seu trabalho.
Será justo e admissível querer pagar à geração melhor qualificada de sempre 500€ ou 600€. Pode um país como Portugal desperdiçar mão-de-obra qualificada?! Licenciados à procura de emprego são cerca de 200 mil portugueses. Urge, como diz o Dr. Fernando Ulrich, “dar formação aos nosso empresário”, uma visão onde a teoria do ganha - ganha, é uma solução. Vamos ser sinceros, como pode alguém ir trabalha contente e feliz da vida para ganhar 475€? Como pode um licenciado trabalhar de forma aplicada contribuindo com o seu conhecimento e formação a ganhar 500€ ou 600€? Não pode. Todavia, se este mesmo licenciado auferisse uma remuneração que compençassem o seu trabalho, o seu empenho, a aplicação do seu conhecimento, valorizando-o com incentivos e prémios de desempenho, seria bastante mais provável que a vontade de trabalhar e produzir aumentasse exponencialmente. Qual seria o resultado disto? É fácil, os trabalhadores, trabalhavam mais, produzindo mais, a empresa produzia mais e melhor e por fim o empresário aumentava o seu lucro.
Deixei para o fim falar dos jovens da tal geração à rasca! Esta geração é uma geração que vive/viveu sempre pressionada. Pressionada no ensino secundário para atingir o objectivo de entrar no Ensino Superior. Chega ao Ensino Superior, é pressionada para se licenciar rápido e bem. Finalizada esta etapa é “atirado” aos 21 anos para o mercado de trabalho e dizem-lhe que não tem experiência, ou então aos 23/24 finalizado o Mestrado e ouve que tem qualificações a mais. O problema é que esta geração nunca conseguiu olhar e estar preocupada com algo mais do que consigo próprio, porque quando era possível travar a precaridade e a aflição a que esta geração chegou, ficou em casa ou noutros locais. Quando em 2007 a Associações de Estudantes do Ensino Superior tentavam lutar para travar Bolonha o RJIES (Regime Júridico para as Instituições de Ensino Superior) ou as prescrições, respondiam que não tinham tempo. No dia 12 de Março de 2011, saíram à rua. Quem como eu, sempre tentou lutar, mesmo quando todos ficavam em casa, hoje só pode exclamar, 5 anos depois acordaram! Finalmente! Será tarde demais?! Sinceramente temo que sim, mas espero que não! A cidadania deve ser vivida a 100% e em todas as suas vertentes. Temos de entender, aprender e valorizar no dia a dia as conquistas de Abril. Tal como Platão dizia: “A penalização por não participares na politica é acabares por ser governado pelos teus inferiores”